Uso da internet aumenta em áreas rurais no país

Pesquisa mostra que número de usuários da internet nas áreas rurais do Brasil aumentou em comparação ao período pré-pandemia

Levar tecnologia de ponta para além das cidades é um grande desafio ao poder público e à iniciativa privada devido a uma série de dificuldades como carência de infraestrutura adequada em regiões mais remotas. Mesmo assim, os moradores do campo estão cada vez mais conectados à tecnologia. O número de usuários da internet nas áreas rurais do país aumentou em comparação ao período pré-pandemia. Em 2021, 73% da população rural utilizava a internet, ante 53% em 2019. 

Os dados são de uma pesquisa feita todos os anos e conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). O estudo, realizado desde 2005 e cuja versão mais recente foi lançada este mês pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), aponta os índices mais recentes sobre o acesso e uso das tecnologias de informação e comunicação no país.  

Os dados mostram que 81% da população brasileira com mais de 10 anos de idade (rural e urbana) usou internet nos últimos meses, o que corresponde a 148 milhões de pessoas. “A pesquisa confirma a relevância do acesso à internet no contexto proporcionado pela emergência da Covid-19, em especial com o avanço das atividades de trabalho e estudo remotos. Em comparação ao período que antecede a crise sanitária, houve uma ampliação da presença da internet nos domicílios, sobretudo nas áreas rurais”, afirma Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br. 

Os números confirmam isso. Os domicílios rurais estão mais conectados à internet. Entre 2019 (período pré-pandemia) e 2021, houve um acréscimo de 20% na proporção de residências e locais de trabalho com acesso à rede nas regiões rurais, passando de 51% para 71% do total de domicílios que ficam fora das áreas urbanas. 

“O Brasil rural é a próxima fronteira a ser desbravada pelo avanço das telecomunicações no país. Atualmente, praticamente todos os moradores das cidades já estão conectados de alguma forma à internet, mas os dados mostram que ainda é preciso avançar nas áreas mais remotas”, afirma José Ronaldo Rocha, sócio da EY e líder de consultoria para o segmento de Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações (TMT).  

Rocha lembra que a chegada do 5G ao Brasil, prevista para começar de maneira efetiva nos próximos meses, será importante não apenas para a melhoria dos serviços prestados atualmente, mas também para a ampliação do público com acesso à internet.  “Além das obrigações de cobertura estabelecidas no leilão do 5G, o Brasil deverá prover a cobertura necessária para atingir uma população ainda carente (de internet)”, diz Rocha.  

Segundo ele, o 5G permitirá novos serviços tanto para a chamada “revolução agro”, com novas possibilidades de uso de equipamentos, sensores e uso massivo de dados para aumento na produtividade do campo, como para a proteção de florestas, mananciais e o meio ambiente em geral.  

De acordo com consultores, devido às grandes restrições geográficas, a cobertura rural é naturalmente mais complexa de ser realizada. Além disso, a viabilidade para uma nova cobertura, muitas vezes, não é sustentável do ponto de vista econômico. Por esse motivo, é necessário buscar um mix de tecnologias que permitam uma cobertura tecnológica mais econômica e eficiente, com tecnologias mais baratas e formas criativas para abranger regiões mais distantes.  

“Como parte dessas soluções, podemos citar a massificação das tecnologias sem fio, uso de frequências com maior amplitude de alcance e tecnologias não proprietárias na construção do hardware”, cita Marcos Karpovas, sócio da EY em consultoria para o setor de Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações. 

Além disso, a comunicação via satélite deverá representar um suporte adicional importante para a cobertura rural, pois permite a redução dos custos, melhoria das tecnologias empregadas e a possibilidade de atendimento a curto prazo, sem a necessidade da construção de longas redes de transmissão de serviços de Telecom. 

A pesquisa do Cetic.br também mostra a prevalência do uso exclusivo do telefone celular para acessar a rede: 64% do total de usuários de internet (urbanos e rurais). Principal dispositivo de acesso à internet no país desde 2015, houve um aumento de 6% no uso exclusivo do celular para acesso à rede entre 2019 e 2021. O indicador é maior entre os que vivem nas áreas rurais: 83% do total de usuários nessas localidades utiliza o celular para as conexões.  

“A popularização dos serviços de internet é uma realidade no Brasil e na maior parte do mundo. A competição no setor e as novas tecnologias, especialmente na área de celular, contribuem de forma decisiva. Mais tecnologia e mais competição é a receita para serviços melhores e mais baratos”, afirma Eduardo Moreno, consultor sênior e especialista em 5G e IoT.

Matéria publicada pela Agência EY

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