Deixando de lado as nacionalidades, as paixões e opiniões extremadas vamos analisar os fatos: na Colômbia, a produção de café é uma aventura. Ao menos nos altiplanos andinos de Armênia, Pereira e Manizales. No chamado triângulo do café, dos 365 dias do ano, a chuva se mostra presente em mais de 250. Algo natural do clima amazônico, como muitos manauaras ou belenenses podem atestar. Mas não estávamos falando dos Andes na Colômbia? Sim, mas não esqueçamos que eles estão voltados para a bacia do Rio Amazonas e portanto sujeitos à ação climática das massas úmidas da floresta que sobe da planície até mais de 2000 m de altitude. Então, num simples passeio por qualquer cafezal, o visitante poderá ver no mesmo pé, flores, frutos verdes, cerejas e frutos secos. Mesmo concentrando a colheita em alguns períodos do ano, num arremedo de “safras”, a verdade é que a planta produz o ano todo. E portanto é necessário colher o ano todo. Secar o café o ano todo para garantir a qualidade nesse período. Sem entrar em detalhes dos fatores que definem a qualidade do café, apenas lembramos a máxima: Qualidade não se cria após a colheita, no máximo se preserva por um determinado período. Dito isso, se compararmos as condições de produção na Colômbia com a maioria das regiões cafeeiras no Brasil, não é preciso expertise para inferir que as condições de produção de cafés de qualidade no Brasil são muito superiores às da Colômbia. E por quê não temos posição de destaque nos cafés de qualidade? Porque nosso marketing é ruim. Simples assim. Senão vejamos. Copa do mundo no Brasil. O símbolo é alguém metendo a mão na taça (e não foram os alemães). Copa sub vinte na Colômbia, uma bola estilizada em xícara de…café!!! Outro exemplo? Finais de tênis. Grand Slam em Paris, Londres ou Nova York. E lá está a cara do Juan Valdez acima das beldades russas e cia ou dos frios jogadores europeus decidindo pontos na linha reprisados à exaustão. E nós ? Vivendo de saudades do Guga. Assim, sempre venderemos commodities!!
Antonio Bliska Júnior
Editor Revista Plasticultura
Engenheiro Agrônomo e Doutor em Engenharia Agrícola (Pós-colheita e Gestão)
Publicação: 04/11/2014